sábado, 21 de julho de 2018

Relação Paciente e Terapeuta


Elisabeth Rochat de la Valée


Uma relação se estabelece sempre que seres se encontram. Ela é ainda mais forte quando esses seres se focalizam um no outro, dirigindo a atenção para o outro, como é o caso entre o paciente e o terapeuta. O que se passa no tratamento é também o que se passa entre eles.
Essa relação entre paciente e terapeuta possui múltiplas facetas. Nós consideramos alguns aspectos tratados nos textos clássicos chineses. Eles se relacionam à atitude do grande terapeuta e às condições de um diagnóstico claro. É disso que falaremos principalmente.

Antes que Sun Simiao 1 faça no prefácio de sua obra maior o retrato do Grande médico, perfeito tanto no plano do conhecimento e da pratica que no da ética, os textos, posteriormente reunidos sob o título de Huangdi Neijing 2, se interessavam à atitude tanto interna que externa do terapeuta. Eles falam de sua forma de ligação com o paciente, da finesa do conhecimento do paciente que ele constrói pelas observações e suas questões. Eles se interessam também pelas percepções e sensações que a presença do terapeuta e todo o ambiente despertam no paciente.
Uma forma geral de abordar essa relação é de considera-la como um caso particular das trocas de qi () pelas quais os seres interagem constantemente com tudo o que possa lhes tocar e tudo o que eles possam atingir.
A maior parte dos seres interagem seguindo modelos [1]  inscritos em sua natureza própria sem ter o poder de desviar-se. O caso do homem é diferente pois ele é responsável pelo movimento de seu qi, de sua maneira de agir e reagir. O que implica que tanto o terapeuta como o paciente sao responsável pelo que se passa na relação pois eles são responsáveis da forma precisa, quer dizer, ela conformidade ao modelo natural, dos movimentos de qi neles.
O paciente, por definição, tem uma desordem mais ou menos instalada no equilíbrio yin yang de qi nele, pois essa é a própria definição de doença, tal qual encontramos no Suwen:

“Nessas atividades contrariadas do yin yang consistem em as doenças, que são uma oposição ao movimento natural (此陰陽反作病之逆從也). ” (Suwen capítulo 5)

O terapeuta deve se abrir suficientemente para perceber o desequilíbrio do paciente e ao mesmo tempo manter-se ele mesmo em um equilíbrio o mais perfeitamente possível, sem ao mesmo tempo manifestar nenhuma oposição. Isso não é feito simplesmente, mas unicamente por uma pratica guiada, um constante trabalho sob si mesmo. Daí a importância dada ao mental a à vida interior, constituída pelo querer e pelo proposito (志意) que são a disposição interna com sua própria orientação. Esse par representa o funcionamento do Coração -mental ()[2]; ele é ao mesmo tempo o resultado do funcionamento do Coração e o instrumento através do qual um humano trabalha sobre si mesmo, quer dizer sobre seu Coração.

Trocas de qi organizadas e normalizadas

As trocas de qi são codificadas segundo a ordem natural ou celeste; é a organização que o homem percebe nas incessantes transformações que tecem as existências. A organização segundo o yin yang e os Cinco agentes (ou elementos) (陰陽五行) se refere a modalidades fundamentais de atividade o conjunto das manifestações da vida no universo, para permitir conhecer como cada um desses cinco qi opera, a maneira como ele interage com todos os outros, de onde ele vem e para o que se dirige.

Os materiais necessários para a manutenção da vida, os Cinco agentes (Madeira, Fogo, Terra, Metal e Agua) são os grandes tópicos de base de uma cosmologia fundada em correlações ou correspondências; elas organizam o universo em séries de fenômenos ligados uns aos outros, em cada série e em outras séries. Os fenômenos e seres pertencentes a uma série dividem o mesmo qi. Tudo o que existe é assim dividido em cinco grandes rubricas ou categorias segundo os cinco qi representando o modo de atividade de cada agente.

A doutrina do yin yang e dos Cinco elementos (yin yang wu xing 陰陽五行) serve assim de base para uma apresentação organizada dos fenômenos da vida e para uma análise permitindo uma ação eficaz; ela é então largamente utilizada na elaboração das teorias médicas.As realidades exteriores e interiores ao corpo são qualificadas assim. Por exemplo, considerando os cinco qi enviados pelo Céu: o frio é associado à agua, o vento à madeira, o calor ao fogo, a humidade à terra, a secura ao metal. Faz-se o mesmo para os órgãos, as partes do corpo, as emoções os aspectos do mental e do espirito, os órgãos dos sentidos (ou orifícios superiores) etc.

Cinco órgãos foram selecionados representando os Cinco agentes construindo e mantendo a vida no ser humano: Fígado-Madeira, Coração-Fogo, Baço-Terra,Pulmão-Metal e Rins – Água.
Os  wu xing 五行   sendo os cinco modos de atividade da vida, cada uma se manifesta no ser humano como um órgão o qual ele guia o bom funcionamento. Suas interações organizam as trocas e as influencias mutuas segundo ciclos bem definidos. Cada fenômeno se encontra assim no espaço e no tempo e recebe em consequência as regras mestre de suas transformações e evoluções.
As relações entre esses qi ou modo de atividades são padronizadas e expressas em “ciclos” ou interação. Esses ciclos indicam como um qi afeta os outros qi ou elementos e como ele é afetado por eles e como reage. Sendo que esses qi são também as modalidades operatórias dos órgãos, os ciclos permitem reconhecer a coerência dos sinais clínicos, estabelecer um diagnóstico e de interromper um tratamento.
Em medicina chinesa, chamamos “imagens dos órgãos” (/臟象) aquilo que parece cada órgão.
Um órgão está ligado à um agente (elemento), ele apresenta traços característicos que associamos à uma imagem /modelo especifico; o órgão se apresenta também, em um dado momento, com patologias que vão também se associar à modelos. Podemos assim analisar o estado de um órgão e modelizar sua situação, prever as evoluções, conhecer os efeitos de tal ou tal intervenção.
A saúde é o respeito da ordem natural nos movimentos e trocas dos sopros que se fazem no individuo, sob o mesmo modelo que eles se fazem na natureza.
O que implica que o conhecimento de um órgão não é o conhecimento de sua massa anatômica (mesmo se ela é ligada ao que é o órgão), mais é antes de tudo o conhecimento do movimento dos sopros que o órgão representa e que trabalha em todos os níveis da vida de um indivíduo.
 O conhecimento do funcionamento normal e da patologia de um órgão passa pela compreensão do qi elementar ao qual o órgão está ligado.
O Fígado é associado à Madeira , à primavera , ao leste onde nasce o sol , ao vento que sucinta a atividade , à cor verde , ao sabor ácido  etc. Assim, a observação e a inteligência do qi que faz aparecer a primavera e pulsa a seiva das raízes até o alto do galho vegetal, que faz com que o sol se levante à leste , que se manifesta como vento capaz de movimentar, de levar para longe, de limpar os obstáculos , mas com o perigo de se tornar um furacão destruidor , dá uma ideia real e eficaz do que chamamos Fígado em medicina chinesa. O Fígado antes de ser uma massa orgânica é o modo de ação de um qi especifico na fisiologia, na psicologia e no mental; aquele que abre as passagens, libera as obstruções, faz circular até o exterior e até o fazer, força e flexibilidade à atividade muscular, da coragem para ir decididamente para frente, permite de projetar seu espirito no futuro, de ver longe, de imaginar e de raciocinar etc.
O qi do Fígado se manifesta na forma corporal (unhas), nos líquidos que saem (lagrimas), nas atividades sensoriais (visão), nas emoções (cólera), etc. Todos os níveis comunicam como eles interagem com as quatro modalidades do qi.
Podemos ler e interpretar os sinais mostrados pelo paciente, o que conduz o tratamento. Este conhecimento não é leve e superficial, ele demanda uma longa pratica, uma arte de observação, um funcionamento mental livre e concentrado, uma inteligência que associa as analogias com fineza, que reconhece as imagens (símbolos, modelos) aos sinais percebidos no paciente e que, graças a eles, é capaz de analisar e de interpretar estes sinais.
O terapeuta deve conhecer esses qi e seus modelos de interação para estimar suas desordens no paciente e poder trabalhar em suas retificações no paciente e também em si mesmo. Conhecendo-os, ele sabe ler os sinais e estabelecer um diagnóstico que compreenda tudo o que se relaciona com a fisiologia e a psicologia assim como as disposições internas, o estado de espirito. Ele deve lapidar constantemente suas percepções do qi e sua compreensão de suas múltiplas manifestações.
O paciente emite todo tipo de sinal : a maneira como ele se apresenta , anda, fala; a maneira pela qual seu corpo emite sons e barulhos ou como seu olho brilha ou se ofusca ;os tons sutis do rosto pelo sangue e qi que circulam nele (tez);as múltiplas diferenças sentidas na palpação, o ritmo, a força, a profundidade de seu fluxo sanguíneo (pulsos),os inchações e vermelhidão , as dores as quais analisa-se minuciosamente a localização e a natureza...tudo é sinal , pois tudo é manifestação do qi tal qual ele é e age no paciente .Tudo faz sentido ,pois é uma manifestação do qi , o sinal revela o qi e permite apreendê-lo em sua natureza e seu futuro.
Um sintoma é assim o sinal visível no exterior de uma desordem interna nas trocas dos sopros comandadas pelos 5 zang.
A realidade interna das trocas de sopros se manifesta no exterior; nele se reflete o bom e o mal estados, a ordem ou a desordem dessas trocas.
Aquele que compreendeu verdadeiramente e profundamente a natureza dos diferentes qi dos 5 órgãos as pode interpretar com precisão os sinais que lhe mostram o corpo, a atitude, as emoções, o mental o estado de espirito do paciente. Para essa interpretação, o terapeuta utilizará os modelos que lhe oferecem o conhecimento e o raciocínio fundados na analogia, as imagens ().

A doença sendo sempre um desequilíbrio nas relações dos sopros yin yang, o diagnostico observa as manifestações desses sopros e as analisa de forma a conhecer as causas e processos de desordem. O tratamento restabelece a melhor ordem possível nas trocas e interações, as sucessões e transformações do yin yang.
O que mostra um paciente em um dado momento é sempre um conjunto de qi que estão mudando. Para uma mesma pessoa, nenhum diagnostico não é feito uma vez por todas; nenhum tratamento ode ser fixado antecipadamente. Sobretudo para indivíduos diferentes. Os tratamentos não podem ser repetitivos. A abordagem particular e pessoas deve ser renovada a cada encontro, mesmo se o conhecimento e a maneira de raciocina seja idêntica em todos os casos.
O qi do terapeuta, tal qual ele é e se move nele, é parte   integrante do tratamento. Um terapeuta cujo os sopros estão equilibrados envia uma mensagem de retificação ao paciente que intervém o tratamento de uma maneira não manipulável mas real, ao lado de tudo o que o terapeuta cultiva estritamente na relação para um melhor conhecimento e entendimento: calma do lugar, escuta benevolente  da pessoa , consideração de sua história, de seu terreno, da estação , do lugar , do clima , dos diversos fatores do meio ambiente (família, trabalho, ...)etc. Uma atenção ao qi do paciente e ao conjunto de qi no qual ele está constantemente mergulhado , e consequentemente em interação.
A restauração de um equilíbrio melhor e de uma situação mais harmônica, mais próxima dos movimentos vitais como eles procedem naturalmente, pode levar a pessoa afetada a operar uma transformação no mais profundo dela mesma, onde sua vida é comandada, em seu coração, seu espirito. É então que se obtém a cura; a mudança no coração da pessoa permite que a ordem restabelecida não seja mais perturbada ela mesma causa, pois o que comanda, em suprema instancia, o movimento dos sopros fica numa melhor harmonia com os processos naturais da vida.
Retirar um sintoma para que outros apareçam em seguida pois não se atingiu sua raiz não é interessante. O que importa é nutrir a vida.

A Relação na Elaboração do Diagnóstico

O estabelecimento do diagnóstico é fundado na relação; ela permite a observação apropriada do que é percebido pelos órgãos dos sentidos como o que se conhece pela inteligência e o raciocínio; ela implica também o que dá acuidade a esses conhecimentos. Encontramos normalmente esses aspectos apresentados juntos, cada um participando necessariamente à elaboração do diagnóstico e à realidade da relação.

“Para todo tratamento, é necessário observar em baixo, estar em conformidade com os pulsos (), examinar a orientação interna (志意) assim que as características da Doença”. (Suwen cap.11)
 凡治病 必察其下 適其脈 觀其志意與其病也

Encontramos os aspectos essenciais do diagnóstico e da relação que ele supõe:

- A observação dos sinais clínicos lidos no corpo. Que em baixo significa a região sob orbital ou a s fezes, se trata sempre da interpretação do que é visto.
- A palpação dos pulsos que dá acesso ao equilíbrio vital do paciente.
- A apreciação das disposições internas, incluindo as emoções, tudo o que é sentido, os desejos.
- O conjunto dos sinais que caracterizam a doença, a coleta dos sintomas.

Cada um desses aspectos tem suas especificidades próprias; a interação na relação é mais ou menos forte, mis ou menos consciente, mas ela é sempre ativa.
De forma geral, a relação terapêutica, considerada do lado do terapeuta, apresenta dois grandes aspectos:

- A leitura dos sinais manifestados pelo paciente efetuada pelo terapeuta e as condições da inteligência deles,
- Os sinais que a presença, a atitude e a disposição interior do terapeuta enviadas ao paciente durante o exame e o tratamento.
O diagnóstico pode se detalhar segundo que ele coloca em jogo a palpação, a vista e o olhar, a palavra e a escuta, o discernimento dos odores, o tocar, o comportamento.

Palpação

A palpação compreende a tomada dos pulsos (切診): coloca-se um ou dois dedos em lugares do corpo onde uma artéria passa próximo da superfície para ser percebida e estima-se a qualidade do fluxo vital formado de sangue e sopros; as informações recolhidas ensinam sobre o estado do equilíbrio geral assim como sobre o funcionamento dos diferentes órgãos.  Os pulsos que são normalmente apalpados são os que se encontram no punho, sobre a artéria radial, ou seja, os pulsos radias.
Ela engloba também diversas palpações: o abdômen ou outras partes do corpo; o corpo ao longo dos meridianos; zonas e pontos precisos (dolorosos em certas afecções), etc.

Olhar

O diagnóstico pela observação visual (望診)é a inspeção dos sinais apresentados pelo corpo e a atitude do paciente de maneira a conhecer o estado dos órgãos internos .Examina-se a pupila e o olho , o brilho e a qualidade do olhar , o rosto e a tez ,  a mobilidade dos traços e eventuais tiques , a vascularização superficial , a língua e as características dos outros orifícios :se a boca é aberta ou fechada , se o nariz escorre ou esta entupido etc. Examina-se as fezes e as urinas , assim como os líquidos que saem dos orifícios (mucos, escarros, lagrimas).Considera-se a maneira como o paciente se apresenta :sua atitude , seu andar , seu modo de movimentar , e todos os sinais reveladores de seu estado de espirito ;observa-se os sinais gerais do corpo (obesidade, emagrecimento, astenia, fadiga, edema, vermelhidão, deformação, etc.).

Auscultação e Olfato

A auscultação e olfação (聞診) compõem o diagnóstico pela escuta dos sons e o discernimento dos odores. Escuta-se a qualidade e intensidade dos barulhos que o corpo emana: respiração, refluxos, soluços, tosse, ruídos intestinais; o tom, o fluxo e a força da voz; a maneira de se expressar (murmúrios, clareza, logorréia ...). Sente-se os odores que emanam do corpo e da boca (hálito),
das urinas e das fezes...
Na observação visual, na palpação, audição e olfato é o terapeuta que é ativo e considera o paciente. No entanto, há sempre uma interação, pois, a presença do terapeuta com seu qi vai introduzir modificações no comportamento do paciente e no movimento de seu qi. O terapeuta atinge e move o paciente pelo seu olhar e pelo seu toque. Estima-se a maneira pela qual o paciente reage a esse olhar do terapeuta e à concentração mental e/ou espiritual do terapeuta.
Pela observação diagnostica, o terapeuta procura estimar a qualidade da vitalidade do paciente sob a forma do par yin yang formado pelo sangue e pelo qi (血氣). Todos os órgãos participam à elaboraçã do composto xueqi (血氣) e a seu fluxo.

O xueqi veicula o que permite a vida fisiológica, mas também psicológica; assim toda emoção perturba imediatamente o ritmo do fluxo. O xueqi torna presente em todos os lugares do organismo o que está no Coração, incluindo a capacidade de perceber e conhecer, tudo o que forma o espírito, a consciência. Nesse fluxo vital se inscrevem todos os disfuncionamentos.
Quando o xueqi está desequilibrado, o fluxo sanguíneo é regular, os batimentos dos pulsos normais, a tez radiante e sem alteração de cor, o olhar é claro, as ideias claras, os movimentos fáceis e fluidos, etc.
O terapeuta observa o paciente e reconhece os sinais graças à qualidade de seu xueqi próprio.
Ele deve estar o mais equilibrado possível, continuaremos sobre esse ponto mais adiante.
Quando o terapeuta sente com seus dedos uma artéria do paciente ou mergulha seus olhos nos do paciente, um contato se estabelece que, em um como no outro, atinge a realidade profunda de seus seres. Como veremos, nada deve distrai-los; numa situação ideal, nada parasita esse contato que se faz espirito a espirito, além da consciência clara. Pela palpação e o olhar, o terapeuta dá sinais ao paciente através seu xueqi, sinais que ele não manipula e dos quais eles não tem consciência, pois é a qualidade da vitalidade, tal qual ela se apresenta no terapeuta que trabalha ou não por uma ação exercida voluntariamente. Essa qualidade se constrói dia a dia e não pode ser mentira; ela advém da sinceridade essencial (精誠) tais qual encontramos por exemplo nos textos do Zhuangzi ou do Huainanzi.
Todo terapeuta sabe que, às vezes, na tomada dos pulsos, de uma palpação ou de outro contato da mesma ordem, uma imagem ou informação surge nele que não vem de seu conhecimento consciente ou de seu raciocínio, mais que se impõe e se revela, normalmente, pertinente. Entretanto, isso não pode jamais constituir um conhecimento utilizável de forma repetida. De um lado é preciso sempre desconfiar da influência de seus próprios desejos e tendências sobre o que pode surgir espontaneamente em si mesmo. O paciente, ou tal expressão de seu qi, pode induzir uma reação no espirito do terapeuta, contra sua vontade. O terapeuta deve ser alertado dos efeitos possíveis do qi do paciente nele, assim como sob seus desejos e tendências próprias que podem influenciar seu discernimento.
Sempre a interação entre o terapeuta e o paciente é presente de maneira completa mesmo quando parece que somente o terapeuta age e o paciente é passivo.

Questionamento

Essa parte do diagnostico apela mais diretamente à relação pois existe a troca de palavras e de informações entre o terapeuta e o paciente.
O diagnóstico por interrogação do paciente (問診inclui as anamneses. Interroga  –se sobre tudo o  que entra e   sobre tudo o   que sai  do   corpo (habitos alimentares e digestão, micção e defecação) ,sobre os movimentos organicos e  as sensaçoes internas (sensibilidade ao quente e ao frio , transpiração, dores na cabeça e no corpo, congestionamentos, mal estar torácicos e  abdominais,  regras e perdas vaginais , etc.).Sobre o funcionamento dos órgãos dos sentidos (gostos na boca, qualidade da audição e da visão, zumbidos, etc.). Questiona-se o paciente sobre sua história, sua situação e as mudanças em sua vida. Os choques emocionais, seus sentimentos e sobre seu ambiente psicológico no trabalho ou em casa, sobre a qualidade de seu sono e sobre seus sonhos...
As “Dez questões ” (十問) são as questões tipo que um bom pratico deve colocar para fazer o diagnóstico. Questiona-se principalmente sobre o frio e o calor ressentido pelo corpo (寒熱), a transpiração (), (as dores) na cabeça e no corpo (頭身), as necessidades (便), o regime alimentar(), os problemas sentidos no peito (), os sons percebidos (), os vários tipos de sede (), as antigas doenças (舊病), as causas do desencadeamento do mal atual ().
Acrescenta-se todas as questões consequentes das respostas ou que são sugeridas pela vista, pela audição ou olfato de alguma coisa, ou ainda que veem ao espirito do terapeuta quando ele está conectado com o paciente.
Questiona-se sobre a situação do paciente para conhecer seu estado de espirito, para identificar as emoções como fatores de desordem, como perturbadores do movimento do qi.
As emoções possuem um papel primordial na gênese e na evolução das doenças. Elas se manifestam em medicina, como uma exageração, um excesso em um movimento particular do qi.

“ O Imperador pergunta: eu queria saber por quais qi são produzidas as Cem doenças.
Quando existe cólera, o qi sobe.
Quando existe euforia, o qi se relaxa.
Quando existe tristeza, o qi desaparece.
Quando existe medo, o qi desce.
Quando existe frio, o qi aperta.
Quando existe calor, o qi sai para o exterior.
Quando existe sobressaltos, o qi se coloca em desordem.
Quando existe fatiga, o qi se deteriora.
Quando existe pensamento obcecado, o qi se enrosca”.
 Suwen (cap.39).

帝曰善余知百病生於氣也怒則氣上喜則氣緩悲則氣消恐則氣下寒則氣收炅則氣泄驚則氣亂勞則氣耗思則氣結

Cada perturbação no movimento do qi leva a sintomas que afetam a vida fisiológica tanto quanto a mental.
Certas patologias emocionais perturbam profundamente a relação com os outros;
Elas culminam em loucuras e delírios. Entretanto, antes de estar em um estado que mereça ser nomeado delírio ou loucura, a razão começa a ser tocada assim que um desequilíbrio, mesmo mínimo, aparece no movimento de qi por causa das emoções, dos desejos, das preocupações, etc.
Cabe ao terapeuta ler os sinais sutis do início desse desequilíbrio que, se não for corrigido, vai se ampliar, acentuando os sintomas e fazendo-o aparecer posteriormente.
Ele liga as emoções ao qi do agente associado e conhece assim a natureza do desequilíbrio e como compensá-lo. Assim uma cólera é um excesso no qi da Madeira, que é o Fígado no homem; em consequência, o qi sobe muito fortemente, o yang se esquenta exageradamente, destruindo o sangue do qual o Fígado é responsável. Claro que cada situação se apresenta com sua complexidade e sua análise é bem mais refinada. Na base, encontramos habitualmente a associação de um estado emocional, mais ou menos antigo ou violento, com o qi de um agente e de um órgão.
É indispensável reconhecer se uma emoção, um sentimento ou ressentimento está na origem do mal para lhe tratar corretamente. Senão, o tratamento não pode ser apropriado e o doente não pode se curar.
O terapeuta deve assim detectar em si todo início de emoção, desejo ou paixão, seu raciocínio, suas percepções, suas interpretações sendo claras e justas. É o que se encontra, por exemplo, no início do Zhongyong 中庸, retomado inúmeras vezes depois.
Os capítulos 77 e 78 do Suwen sublinham a importância dos sentimentos, situações e mudanças de situação no paciente. Aqui estão algumas passagens:

“ Sempre, quando desejamos diagnosticar uma doença, é preciso questionar sobre os hábitos alimentares assim como sobre as atividades. Se o paciente teve uma euforia violenta ou uma forte amargura, se ele gozou das alegrias da vida e em seguida sua amargura, isso tem consequências na essência e no qi (sopro vital精氣) que se encontram desgastados e diminuídos, assim como o corpo ruinado e destruído.

凡欲診病者必問食居處暴樂暴苦始樂後苦皆傷精氣精氣竭形體[………]

No diagnóstico existem três regras imutáveis. É sempre preciso perguntar ao paciente se ele teve favor ou desfavor; se ele ocupou uma posição importante e foi destituído; se ele tem a ambição de se tornar príncipe ou rei.
Se alguém de uma alta posição e destituído de seu poder, mesmo se ele não foi atingido por agentes patológicos externos, seu espirito vital (精神) fica ferido internamente e o corpo necessariamente é destruído e a vida desaparece.
 Alguém de que rio se torna pobre, mesmo que não atingido por perversos, sua pele se encarquilha e sua força muscular enfraquece; ele manca ()[3] e é tomado de câimbras (sem duvidas na perna).O médio que é não capaz de ser suficientemente rigoroso (em seu diagnóstico) não será capaz de mexer com o espirito (do paciente, 動神); no exterior (o corpo do paciente) se amolece e se enfraquece e a desordem ira até fazê-lo perder as regras imutáveis (os movimentos de qi, ). A doença não pode mais ser descartada e a medicina será impotente. ” (Suwen cap.77)

                    故貴                  。始                    醫不                       ,則    

No Suwen cap.78, Huangdi alerta Lei Gong contra os quatro erros do mal terapeuta. Ele retoma em parte o que é dito no precedente capitulo.
Lei Gong questiona:
"Eu segui as regras (os Clássicos, )[4] que me ensinaram e que são reputados perfeitos, mas às vezes faltas nos levam ao fracasso. Poderia me explicar isso?
O Imperador Amarelo responde: Você é jovem, seu saber () não é ainda suficiente e você associa os ensinamentos (recebidos dos classicos) com as (praticas) diversas.
Os Doze meridianos e as 365 circulações conectivas, é isso que todo mundo conhece e os práticos os seguem e utilizam. A razão pela qual fracassamos às vezes é o espirito vital (精神) não concentrado (), que a disposição interna (志意) não está em conformidade com os princípios (da ordem natural da vida, li ) fazendo com que o exterior e o interior se percam (percam a boa relação deles); aqui a razão das duvidas e perigos.
Estabelecer um diagnostico sem conhecer os princípios () das correntes e contra correntes do yin yang, é o primeiro erro do tratamento.
Se, sem acabar de seguir o ensinamento do mestre, aplica-se temerariamente todo tipo de técnicas diversas; toma-se por doutrina () os discursos falaciosos; Permite-se mudar as apelações estabelecidas para exaltar seu único mérito; usa-se sem razão socos de pedra de tal sorte que se atrai desgraças (ou que se dá crédito às criticas); esse é o segundo erro de tratamento.
Se não se leva em conta a situação de pobreza ou de riqueza (do paciente), de honra ou de desprezo (classe e dignidade social), da boa ou má qualidade do lugar de residência, do caráter frio ou esquentado do corpo; se não se leva em conta o que é conveniente beber e comer; se não se discerne entre o corajoso e o covarde (5), se não se sabe utilizar as comparações e analogias, então isso é suficiente para semear em si a confusão , mas isso não é suficiente para clarear a inteligência   ();sendo o terceiro erro de tratamento.
Se se diagnostica uma doença sem questionar sobre sua origem, sua opressão e sofrimento, o beber e o comer que perderam sua regulação,sobre as atividades que passaram da medida ou ainda sobre um possível envenenemento ;se não se fala de tudo isso antes (de colocar o diagnostico), e que se precipita temerariamente sobre os pulsos radiais , então como se poderia acertar ?Ter propósitos insensatos e inventar apelações (de doenças), é o que o grosseiro (prático ) faz até cansar. Isso é o quarto erro de tratamento.”(Suwen cap.78).

 公對                       事解  
                    經脈                       循用                            。診                
                    妄用               
                                           足以          
                    ,或                       名,            

Os erros de tratamento se alicerçam na relação e sua qualidade: pelas questões colocadas para conhecer o estado de espirito do paciente, e pela cultura de si do terapeuta tanto no plano do conhecimento técnico, do saber teórico, que sobre o plano da realização interna, da vida interior.
Além das questões colocadas o terapeuta pode também falar com o paciente. Ele lhe fala para dar conselhos ou pode simplesmente trocar o que toca e emociona o espirito para que se inicie no paciente o processo de transformação e de ura.
Essa palavra justa não é codificada, nem vem de uma aplicação técnica, pois esses tetos não se referem à terapia pela palavra tal qual conhecemos atualmente no ocidente.
Não se trata de uma psicoterapia pela palavra, mas da escuta benevolente e da palavra justa que veem do coração bem cultivado e incessantemente esvaziado.
A palavra que “toca” o paciente é uma palavra humana que jorra na relação à condição que aquele que a pronuncia seja bem inspirado. O terapeuta deve então trabalhar suas fontes de inspiração, cultivar sua interioridade e esvaziar seu Coração.
Poderíamos falar de uma palavra codificada, ou sobretudo ritualizada, nos casos de exorcismo. Os exorcismos (祝由) foi durante muito tempo um dos departamentos da medicina oficial, além do uso deles nos rituais taoïstas.
Encontramos no Suwen 13  uma referência a esses exorcismos que pode fazer pensar também à uma palavra capaz de fazer movimentar o espirito:

“ Eu sei que na Antiguidade, tratávamos as doenças simplesmente “deslocando as essências e modificando seus sopros” (移精變氣). Exorcizávamos por encanto o que estava na origem delas (可祝) e estava acabado. » (Suwen cap.13)

余聞古之治病 惟其移精變氣 可祝由而已

O terapeuta há igualmente um dever de informação ao paciente:

"Os sentimentos do homem são tais que ele detesta a morte e ama a vida. Quando (um terapeuta) adverte (um paciente) o que destrói esta vida e o instrui sobre o que lhe é proveitoso, quando ele lhe indica o que é apropriado e lhe faz compreender o que lhe traz sofrimento, mesmo se se trata de um ser trapaceiro, porque ele não lhe escutaria? ” (Lingshu cap.29)

人之情莫不惡死而樂生告之以其敗語之以其善導之以其所便開之以其所苦雖有無道之人惡有不聽者乎

O que faz com que o paciente escute e compreenda o terapeuta? A experiência mostra que não são nem a veracidade dos propósitos, nem o grau de inteligência do paciente, nem mesmo o medo do sofrimento ou da morte que leva a uma modificação durável dos comportamentos.
É porque alguma coisa a toca. Retornamos à « sinceridade essencial » (精誠) do terapeuta e da abertura que o tratamento e todos os sinais dados ao paciente conspiraram para fazer aparecer.
 Para tal, é preciso que uma verdadeira conexão seja estabelecida entre o terapeuta e o paciente. Cabe ao terapeuta de tomar a iniciativa dela e de velar pela sua realidade.

 « O máximo do tratamento está no Un (yi ).
Huangdi : O que é o Un ?
QI Bo: O Un é o que através do qual encontramos o acordo (de ).
Huangdi: Como?
QI Bo: Feche as portas e obstrua as janelas; quando estiver conectado ao doente, questione metodicamente e frequentemente sobre o que ele sente (qing , sentimentos, emoções do paciente), para seguir sua disposição interior (yi ). Encontrar o acordo com o espirito, é resplandecência; o perder é aniquilação. » (Suwen cap.13)

岐伯曰治之極於一 帝曰 何謂一 岐伯曰 一者因得之 帝曰奈何
岐伯曰 閉戶塞牖繫之病者數問其情以從其意得神者昌失神者亡

O terapeuta entra na relação acompanhando o paciente mais sem deixar-se desestabilizar com a desordem dele. Como diz o Suwen 14, O paciente é a base, a raiz () e o terapeuta é os altos ramos().

« Qi Bo diz: o doente é a raiz () e o prático é os altos ramos ().
 Se os altos ramos e as raízes não se sintonizam, os qi perversos (doentios) (邪氣)
não podem mais serem dominados. » (Suwen cap.14)

岐伯曰   標本不得 邪氣不服 此之謂也
Atitudes e Movimentos do Corpo
Os gestos e a atitude corporal são sinais que o terapeuta interpreta observando o paciente, pois a maneira de se movimentar depende da qualidade do qi, de seu equilíbrio yin yang, de sua repartição justa e circulação nos músculos e articulações.
Aqui também o que ele percebe e o que vai forjar seu diagnostico não se reduz à leitura correta desses sinais; o terapeuta há suas impressões, suas intuições que emergem nele e às vezes se impõem sem que ele possa localiza-las no que conhece. Cabe a ele se cultivar de tal maneira que suas impressões e intuições possam ser justas e não o reflexo de seus desejos pessoais.
Entretanto, os gestos e atitudes do terapeuta são também sinais que o paciente recebe e interpreta, mesmo que ele não tenha uma clara consciência deles.
O terapeuta deve ter cuidado e controlar os próprios gestos e atitudes porque fazem parte das influencias transmitidas ao paciente e também porque testemunham de sua própria harmonia de qi.
“Para estabelecer um diagnóstico existem grandes princípios à serem respeitados: sente-se e levante-se com regularidade, saia e entre segundo uma conduta ordenada afim de concentrar sua inteligência espiritual 神明 (sob o paciente). Seja puro, seja calmo para observar em cima e em baixo; examinar os oito (qi) corretos ou perversos[5]; distinguir as regiões próprias aos cinco internos (五中)[6]. Tome os pulsos sentindo se eles estão agitados ou tranquilos[7], apalpe o cúbito[8] para apreciar a untuosidade ou rugosidade dele, tenha a ideia justa () sobre o frio e o quente[9], olhe bem a grande e a pequena (necessidade do paciente), reúna todas as manifestações da doença. Quando você apreendeu o que segue a ordem normal ou está contra a corrente, você pode então nomear a doença. O diagnóstico pode ser completo e perfeito não deixando escapar nada do que o paciente sente ().
Para estabelecer um diagnóstico, observa-se a respiração assim como as disposições internas (). Nada sendo omitido no encadeamento logico e metódico (條理), a maneira de proceder () é claramente percebida. E assim possível de durar muito tempo.
Aquele que não conhece essa maneira de proceder, deixa escapar as normas [10] rompendo com os grandes princípios que ele diz é desprovido de sentido e a conjuntura pensada é desprovida de fundamento; isso se chama extraviar-se (失道). » (Suwen cap.80)

是以診有大方 坐起有常 出入有行 以轉神明 必淨 上觀下觀 司八正邪 別五中部 按脈動靜 循尺滑濇寒溫之意 視其大小 合之病能 逆從以得 復知病名 診可十全 不失人情   故診之 或視息視意 故不失條理 道甚明察 故能長久 不知此道 失經 亡言妄期 此謂失道

Quando ele recolhe as informações em vista do estabelecimento do diagnostico, o terapeuta deve ter gestos, formas de se movimentar, atitudes que sejam bem reguladas; assim ele não deve ter movimentos bruscos ou intempestivos, reações corporais que ou são sinais de desordem (mesmo leve) nele mesmo ou pode levar essa desordem no qi.
Existe como que um ritual, uma atitude semelhante a aquele que efetua um ritual. Como no rito, o estado de espirito é mais importante que o gesto; o gesto não podendo ser perfeito se a disposição interior não está em pleno acordo com a circunstância presente.[11]
A atenção se foca no paciente sem desvio. Mas ser capaz de não se distrair não é suficiente para iluminar o discernimento, mesmo sendo uma condição necessária.
Sua atitude correta participa ao mesmo tempo à clareza de seu espirito e à influência benéfica sobre seu paciente.A purificação é interna; ela vai além da simples atenção à conveniência dos gestos; ela é diminuição de desejos, relaxamento das vontades, afim de atingir a serenidade que permite o pleno uso da inteligência espiritual (神明).

Podemos dizer que o terapeuta cultiva sua apreensão justa dos sinais dados pelo paciente e da pessoa do paciente tal qual ele se apresenta, afinando suas percepções; afinar suas percepções, tornando-as sutis e penetrantes não se faz pelo acumulo de conhecimentos, mesmo se eles são necessários para o desenvolvimento técnico do agir.
Isso se faz pela realização interior das potencialidades do Coração que residem fundamentalmente na capacidade de abertura ao processo da vida além de todo pensamento, enunciado ou imagem. É o vazio do Coração que permite que cheguem a si as reações justas à situação levando em consideração tudo o que o mental pode perceber, a inteligência de compreende e também tudo o que escapa constantemente a essa percepção. É a “ sinceridade essencial精誠 “.

Se trata então de uma conduta de sua vida, de uma pratica constante; não pode ser simplesmente uma atitude composta para o tempo do tratamento ou para o tempo que dura a interação com o paciente. É a realidade interior do terapeuta.

“Sangue- e -sopros são a flor do homem mais as Cinco vísceras são sua essência .Sangue – e – sopros podem se concentrar nas Cinco vísceras ao invés de se expandirem para fora , peito e ventre se enchem então na totalidade, os desejos e cobiças perdem sua força .Peito e ventre estando inteiramente plenos , desejos e cobiças  sendo reduzidos à nada , o olho e o ouvido são claros , a visão e a audição penetrantes .Uma tal perfeição para atingir seus objetos pelos sentidos , é a iluminação   ()[12] . “ (Huainanzi, cap.7, Le Cerf, C. Larre)

是故血氣者人之華也而五藏者人之精也。夫血氣能專於五藏而不外越,則胸腹充而嗜欲省矣。胸腹充而嗜欲省,則耳目、聽視達矣。耳目、聽視達,謂之明。

Podemos tranquilamente nos referir à passagem sobre o jejum do Coração, em Zhuangzi cap.4:

“Unifique seu mental; não escute com os ouvidos, mas com o Coração (espirito); não escute com o Coração mas com o qi (original). A escuta não vai mais longe do que o ouvido recebe; o Coração não vai mais longe do que do que ele reconhece; mas o qi é o vazio, pronto para receber toda coisa; é somente no vazio que se recolhe a Via (como proceder segundo o movimento natural da vida); o vazio, é o jejum do Coração. ” (Zhuangzi cap.4)

若一志無聽之以耳而聽之以心無聽之以心而聽之以氣。聽止於耳心止於符。氣也者,虛而待物者也。唯道集虛。虛者心齋也。
Quando o vazio se faz, tudo pode estar presente e coexistir, sem que nada se apresente separadamente e claramente no pensamento. As correlações se fazem, não porque elas são conhecidas e aplicadas, mas porque correspondem ao real, pelo menos à uma leitura do real que permite uma abordagem que não se desnatura. É espontânea e instantânea ou fora do tempo. Isso se impõe como o rascunho de ideia ou a direção a ser tomada. Em seguida veem as palavras que enunciam, a memória do saber e da experiência que articula e define a ação, o gesto que realiza.
Uma passagem do capítulo sobre o Trabalho interior (內葉) do Guanzi mostra o yi () emanando do Coração como o rascunho de um pensamento que não se anuncia ainda, de uma ideia que não é precisa; entretanto tudo se passa no espirito e no mental, tudo o que decide da passagem ao ato e determina sua qualidade procede assim.

“ O coração esconde um coração (心以藏心).  No centro desse coração, há ainda um coração. No coração desse coração, a intenção ( = ) precede as palavras (), da intenção procede a (o colocar) a forma (), da forma procedem as palavras (), das palavras procede o fazer (使), do fazer procede a regulação ()[13].” (Guanzi cap.49, Neiye)

心以藏心心之中又有心焉。彼心之心音以先言音然後形形然後言。言然後使,使然後治。

Podemos dizer que a palavra justa do terapeuta, aquela que toca o paciente é o faz “se movimentar”, provém da intenção que emana do Coração vazio de todo pensamento e de todo desejo. O terapeuta nem tem sempre a consciência do alcance do que disse pois ele não falou com um sentido, mas dessa forma lhe veio na relação e situação presentes.De uma maneira ou de outra, tudo o que se passa na relação terapêutica repousa fundamentalmente na qualidade da disposição interna () do prático.
Se o vazio do Coração lhe é uma condição, a outra face é a o enchimento. Do que o terapeuta nutre seu mental e seu espírito, seu conhecimento e sua memória, o que compõe sua consciência e sua pessoa, quer dizer seu Coração e seu funcionamento.
O Grande estudo (大學) reforça a importância do yi (), entre conhecimento dos seres e das coisas e retificação de si mesmo.

“Para se aperfeiçoar, começamos por tornar autêntico sua intenção (誠其意). Para tornar autentica sua intenção, começamos por desenvolver seu conhecimento; e desenvolvemos seu conhecimento examinando as coisas.
É examinando as coisas que o conhecimento atinge sua maior extensão. Quando estendido o conhecimento, a intenção torna-se autentica; sendo autêntica a intenção, o coração   se torna lei. É tornando o coração lei que aperfeiçoa- se. ”
(Trad. Anne Cheng )

        身者                       .先                       誠.             

Sun Simiao, em seu prefacio do Qianjinfang 千金方, insiste sobre a necessidade de nutrir seus conhecimentos corretamente e amplamente antes de falar do estado do espirito do terapeuta. Aquele que quer se tornar um grande pratico, recomenda-se estudar os clássicos da medicina, incluindo todos as ramificações tais quais a acupuntura, moxabustão, fitoterapia. Mas também se familiarizar com as técnicas da divinação e os modelos que elas utilizam. Além de se cultivar lendo livros de história, os que expõem o pensamento confuciano, a abordagem taoïsta (incluindo as práticas do yangsheng 養生) os sutras do budismo.
Não se trata de se dispersar ou de interpretar o sábio, mas de formar seu discernimento, de forjar suas ferramentas de investigação. Todos esses conhecimentos, se são bem entendidos e corretamente e assimilados, participam à elaboração de uma intenção autentica, a raiz de uma relação justa ao paciente, de um diagnóstico iluminado e de um tratamento apropriado.

A Atenção e A Intenção

Quando o diagnóstico é claramente estabelecido, a ação terapêutica o acompanha. No caso do acupunturistas, é a introdução da agulha. O corpo do paciente é furado pela agulha que a mão do terapeuta segura.
A continuidade é ainda mais forte que na pintura ou na caligrafia onde o gesto do artista despeja um fluxo de tinta animado pelo seu qi na tela.
Há continuidade entre as percepções e sua recepção no Coração, pois a viagem do coração até o punho e os dedos.
Existe uma continuidade entre as percepções e a recepção delas assim como suas interpretações no Coração .Em seguida , a viagem do coração em direção do punho e dedos , fluidez do sangue e caminhada do espirito que chega até a ponta dos dedos , levando tudo o que está na consciência , a intenção , assim como tudo o que está escondido na consciência , a intenção mais também tudo o que se esconde no Coração do terapeuta .É o que se transmite também através da agulha e penetra um outro ser humano que reage.
O paciente reage com seu qi em todos os níveis, a agulha vai procurar o qi; paciente e terapeuta, cada um de sua maneira, sentem quando ele é atingido. A manipulação da agulha induz mudanças nas circulações assim como no funcionamento orgânico (o que inclui emoção e mental). Ele reage também em seu espirito.
O qi que opera e ao qual ele reage é continuadamente recompensado pelo conjunto ofertado pelo terapeuta, dependentes de sua disposição interior ou intenção ().
O gesto do terapeuta leva em conta o diagnostico pelos aspectos práticos; por exemplo, inserir ou rodar a agulha de uma certa maneira segundo que se deseje tonificar ou dispersar.
Ele é também fruto da disposição interior, como ela é construída ao longo da vida e segundo a maneira pela qual a vida é conduzida, e como se focaliza no momento do tratamento. Ele reflete o que está dentro do Coração, o espirito do terapeuta, como ele se constrói e realiza interiormente, como ele percebe e reage, o yi profundo como ele reflete também o estado de espirito do momento que vem dar precisão à essa disposição geral.

Tomemos alguns textos do Huangdi Neijing que falam do gesto terapêutico em laço com a atitude interior do terapeuta e sua relação com o paciente.

“ Para toda verdadeira picada, é preciso inicialmente regular o espírito (治神). Somente após que o estado dos cinco órgãos zang seja bem estabelecido e que os nove pulsos indicadores completamente tomados é que se pode colocar uma agulha. ” (Suwen ch.25)

凡刺之 必先治神. 五藏已定. 九候已備. 後乃存鍼.
[………]
« Quando picamos, e que a mão se move com aplicação , que a força da agulha seja bem homogênea , que uma disposição interior calma (靜意) considere o que convém ser feito , observando as mudanças que acompanham ;isso se chama :obscura atenção (冥冥)[14]; nada conhece suas formas (sensíveis).Como um voo de corvo, como cereal  que se espalha ;os vemos voar mas não sabemos o que o faz voar;(a agulha está) em espera como (um arco de)flecha ela se levanta como uma mola que se ativa . » (Suwen ch.25)

手動若務 鍼耀而勻 靜意視義 觀適之變 是謂冥冥 莫知其形 見其烏烏 見其稷稷 從見其飛 不知其誰 伏如橫弩 起如發機

A atenção dada ao paciente repousa sobre a calma, sobre uma disposição interior que torna pronto para acolher todo sinal emanando do paciente, os que observamos como aqueles aos não se pensava. Na “obscura atenção”, o que pratico percebe se junta e se agencia no vazio do coração para informar seu pensamento e guiar sua mão. O pratico sabe o que ele faz quando pica e, ao mesmo tempo, no momento preciso do ato, existe um tipo de esquecimento e de espontaneidade que dá a perfeição ao gesto. Como o musico que, quando toca, esquece o que está tocando.

« Por « deixar-se levar », entende-se ir na contra corrente () e por “vir”, entende-se seguir a
corrente()[15]. Quem conhece se deixar levar e o trata sem ter problemas. Buscando (o qi) para fortificar, como não conseguiria restabelecer o pleno? Se colocando diante e o acompanhando, a harmonização obedece a intenção () do médico. E aqui se encontra toda a arte da agulha”. (Lingshu ch.1)

往者來者明知逆順正行無問迎而奪之惡得無虛追而濟之惡得無實迎之隨之以意和之鍼道畢矣
[……]

 “Na arte de segurar a agulha, é a firmeza que é preciosa. A agulha deve se direcionar exatamente (sobre o ponto visado) e picar bem reta, sem inclinar para a esquerda ou direita. O espirito no fio do outono [16], (o homem da arte) volta toda sua atenção () sobre o doente; ele examina minuciosamente os capilares (血脈) e pica de forma certa.
Quando ele se prepara para picar, ele deve colocar o yang em alerta e mobilizar as duas defesas; fixando seu espirito (sobre o paciente) sem se desviar, ele sabe se a doença continua ou desaparece.
Quando os capilares passam transversalmente onde se situa (o ponto visado), ele observa distintamente e os apalpa para apreciar a firmeza deles. “ (Lingshu cap.1)

持鍼之道堅者正指直刺無鍼左神在秋毫屬意病者審視血脈者刺之無殆方刺之時必在懸陽及與兩衛神屬勿去知病存亡血脈者在殃橫居視之獨澄切之獨堅

Quando não se esquece a técnica, não se para de colocar seus olhos ou suas mãos sobre o paciente; as informações sensíveis, palpáveis chegam continuamente e se organizam segundo os princípios da ordem natural conhecida e reconhecida.
Ao mesmo tempo, focaliza – se a atenção, deixando seu espirito aberto à chegada do imperceptível, do que está além do sensível e de uma outra ordem do que as interpretações de suas manifestações na forma. A inscrição corporal é sempre presente, não se pode deslocar dela; o que ela indica toma sentindo no que dá sentido à vida.

“Quando se está em um lugar tranquilo e retirado; que se olha para os presságios das entradas e a chegada do espírito. Tendo fechado fortemente portas e janelas, as almas Hun e Po ( ) não se dissipam; a concentração dos pensamentos (a focalização da intenção) () unifica o poder espiritual (), de tal forma que o sopro vital (精氣) se reparte como deve. Quando nenhum barulho vindo dos homens não toca os ouvidos, o recolhimento da essência (da pura vitalidade, ) se faz
E o espirito sem um (unificado e com o movimento da vida em si mesmo), o querer () está presente na agulha”. (Lingshu cap.9)

深居靜處占神往來閉戶塞牖魂魄不散專意一神精氣之分毋聞人聲以收其精必一其神令志在鍼
Na mesma linha, uma passagem do cap. 54 do Suwen retoma e explica suscintamente as frases um tanto enigmáticas do cap. 25 da mesma obra:

“Que nada venha perturbar seu espírito (): o querer (zhi ) pacífico, considere seu paciente, sem desviar seus olhares à esquerda ou à direita. Que seu movimento quando coloca a agulha não desvie: a retidão exige a retificação ().
É imperativo retificar seu espírito: olhe o paciente nos olhos, regule seu espírito. Você assim verá circular o qi () com facilidade. “ (Suwen 54)

神無營於眾物者 靜志觀病人無左右視也 義無邪下者 欲端以正也 必正其神者 欲瞻病人目 制其神 令氣易行也

O querer pacífico significa que nada agita o mental, que nenhum desejo particular existe, nem mesmo o de curar.

“ A obsessão de ficar no vazio impede estar vazio. Quem nada fará para estar vazio, o vazio acontece naturalmente o vazio vai por si; em seguida aqueles que se apegam ao vazio são incapazes de atingi-lo." (Huainanzi cap.11)

                                

Quem poderia se contrapor ao desejo legítimo do terapeuta de curar seu paciente? Não se trata de não querer curar seu paciente, e sim de não de se bloquear nesse desejo, ter necessidade para si mesmo. Para que serve esse desejo do terapeuta se ele existe para participar à sua autossatisfação, para lhe enviar uma boa imagem de si mesmo? Não somente isso não serve para nada para o paciente, como pode prejudica-lo, pois, a presença de um desejo, mesmo aquele de aparência legítima e melhor, por um lado, é um obstáculo à abertura do espírito no mundo sensível há tudo o que que está para ser observado e interpretado do outro, e por outro lado, ao mistério mesmo da vida.
A justiça que demanda a retificação pode ser compreendida como a posição da agulha, bem direita; ou também como a atitude do terapeuta, sua atitude externa como sua disposição interna. É o conjunto dos qi do terapeuta que são direitos, que se movem regularmente em torno de um centro firmemente estabelecido e enraizado. Essa destreza incita os qi do paciente a se regularem por eles mesmos; ela assegura a perfeição do gesto técnico da mão que manipula a agulha como ela influencia sutilmente o paciente no mais profundo de si mesmo.
A retificação do espírito é uma correção da desordem que deve se enraizar, como todo tratamento, no espírito. 

“Para toda picada, o método é antes de tudo não faltar o enraizamento aos espíritos. ”
(Lingshu cap.8)

Concluindo, algumas passagens do prefácio de Sun Simiao de seu maior livro, o Qianjinfang, no qual ele expõe sua ideia do terapeuta perfeito.

“Quando o grande médico trata um doente, ele deve estar calmo em seu espirito (安神) e determinado em sua intenção (定志), sem nada desejar (無欲) ou buscar (無求). Antes de tudo, que ele desenvolva um coração de compaixão em seu íntimo e se consagre a preservar as criaturas que contém os afluxos espirituais (os seres vivos, o homem por excelência).
Se alguém em meio ao sofrimento vem procurar ajuda, ele não olha sua posição social ou sua riqueza, sua idade ou seus charmes, sua amizade ou sua animosidade (a simpatia que ele suscita ou não) sua raça chinesa ou não, seu conhecimento letrado ou ignorante.
Quando ele considera cada um em sua igualdade. Quando ele os considera todos como pensando ao que ele tem de mais querido. Que ele não olhe as consequências, nem se preocupe de sua boa ou má fortuna. É assim que ele vai ter cuidado com sua vida (de cada um).

Que ele considere os que estão na aflição como se se tratasse de sua própria aflição. Nas profundezas de seu coração, que ele lhes seja empático.
Que ele não ceda à dificultades do caminho (a ser feito para tratar), de dia ou de noite, sob tempo glacial ou canicular; que ele não ceda nem à sede, nem à fome, nem ao cansaço. De todo seu coração que ele socorra (os outros).É assim que ele se conduz como grande médico .Senão, ele rouba os que vivem.

凡大醫治病必當安神定志無欲無求先發大慈惻隱之心誓願普救含靈之苦。若有疾厄來求救者,不得問其貴賤貧富,長幼妍媸,怨親善友,華夷愚智,普同一等,皆如至親之想。亦不得瞻前顧後,自慮吉凶,護惜身命,見彼苦惱,若己有之,深心淒愴,勿避險,晝夜寒暑,飢渴疲勞,一心赴救,無作功夫形跡之心。如此可蒼生大醫。反此則是含靈巨賊。
[..........]

A “substancia “ (realidade fundamental, ) do grande médico é que ele deseje purificar seu espírito, ter o olhar interior (內視) e observar tudo o que se manifesta. Seu porte é magnânimo e digno; ele não é nem reluzente, nem sombrio. Ele conhece seu doente e faz o diagnóstico com uma disposição interior perfeita (至意) e nas profundezas de seu coração. Ele examina com muito cuidado os sinais que o corpo apresenta. Ele inclui os mínimos detalhes e não deixa nada lhe escapar. ”

夫大醫之體欲得澄神內視望之儼然寬裕汪汪不皎不昧省病診疾至意深心詳察形候纖毫勿失


Tradução   Emilia Firmino



[1]   ou 天理  é uma forma corrente de expressar as leis intrínsecas que organizam os movimentos da vida em cada ser ou fenômeno e que se deixam se identificar em suas manifestações.
[2] Para simplificar, na maior parte do tempo dizemos Coração para significar uma realidade que engloba os domínios das emoções, dos afetos, da psicologia, do intelecto, do mental, do conhecimento, da consciência, assim como a realização interior ou espiritual.
[3] O Suwen cap.44 é consagrado às patologias ditas wei  que cobrem diferentes tipos de paralisias, distrofia e atrofia musculares do qual o mancar é um sinal característico… Nas causas levando à um calor patológico em um ou outro dos cinco órgãos zang, três são de origem emocional, as duas outras ligadas ao frio e ao calor. O calor do Pulmão é assim explicado como consequência de uma frustação, de uma perda não aceita (como a falta de consideração ou perda de fortuna). A recusa da nova situação bloqueia o qi do Pulmão, que, por sua vez, bloqueia o qi do Coração, gerando calor. A pessoa se consome tendo cada vez menos a possibilidade de se dá conta. Enquanto o paciente não aceitar a situação, nenhum tratamento poderá ser verdadeiramente eficaz; ele poderá mesmo, ao contrário, aumentar a desordem e enfraquecer o paciente.
[4]  : Se trata seja  de normas de equilíbrio, seja dos meridianos, ou ainda dos sois ao mesmo tempo, os meridianos sendo os organizadores e reguladores dos movimentos de qi no ser. Lei Gong conhecia bem o sistema dos meridianos e ele seguia as regras de organização da vida.
[5] São os qi específicos dos oito pontos da rosa dos ventos, correspondendo às oito articulações do ano: equinócios e solstícios assim como os quatro inícios de estação. Esses qi são corretos quando eles chegam em seus tempos, sem excesso. Eles são nefastos ou perversos quando eles não estão em seus tempos.
[6] São os cinco órgãos ou 五藏.
[7] Ou, segundo uma outra possível interpretação, se eles batem (sinal de vida) ou são inertes
(sinal de morte ).
[8] Quer dizer a pele da face interna do antebraço.
[9] Frio ou calor da pele na região do antebraço próxima ao cotovelo.
[10] : como anteriormente (nota 6)se trata ou das normas de equilíbrio, ou dos meridianos, ou ainda  dos dois ao mesmo tempo, os meridianos sendo os guardiãs da normalidade na qualidade e nos movimentos de vitalidade representada pela união de sangue e qi  (血氣).
[11] Cf. Liji, Liqi 2.Um homem sábio, nas cerimônias (simples) que reclamam todos os sentimentos de seu coração e toda a atenção de seu espírito, age com o maior respeito e mostra sentimentos sinceros. Naquelas que são belas e brilhantes, ele se aplica sobretudo a testemunhar de sentimentos sinceros.
(Trad. Couvreur) 君子之於禮也有所竭情盡慎致其敬而誠若有美而文而誠若。
[13] Mesmo que não seja o sentido prioritário desse texto, podemos notar que o caractere é o mesmo que se emprega pata tratar.
[14] Em um certo número de textos, como o Zhuangzi, essa obscuridade  implica um laço com a origem, com a vida como ela procede, com a fonte da luz que ilumina a inteligência.
[15] Proceder segundo o ritmo vital ou à sua busca.
[16] Quer dizer atentivo ao menor detalhe, mesmo uma fina e leve pluma de outono.

[12]   : A luz interior que ilumina a inteligência e lhe permite agir segundo o movimento mesmo da vida.

ZHUANGZI ch. 5 - Trad. Jean Lévi

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