Busca da harmonia com o cosmos
Elisabeth Rochat de la Vallée
Tradução Mariana C. T. Scarpa
A china produziu o Taoismo no curso
de uma longa maturação. Atitude diante da vida, isto que chamamos de Taoismo
poderia ser uma religião, uma ética, uma sistematização do mundo. Ele se
insinua em todas as atividades daqueles que aceitam a sua impregnação. A
retidão interior é a expressão em si da ordem do mundo, que não é outra senão a
universal espontaneidade, quer dizer, a Via, o Tao (dao). Ordenando-se a si
mesmo de acordo com esse modelo cósmico, é que se percebe em todas as
manifestações da vida natural, que tudo se regula. Através da iniciação e da
prática, nos unimos as grandes forças do mundo, tais como Yin Yang; alcançamos
assim a Longevidade, uma vida de uma duração indefinida no seio do universo. O
agir se confunde com a integração cósmica: compõe um só sopro com o sopro
cósmico, na espontaneidade absoluta. Não interferindo de forma alguma na ordem
natural, ele é um não-agir, um agir sem agir, que é, entretanto, mais eficaz do
que as atividades voluntárias habituais dos homens.
Os textos fundadores
Estes são os textos sobre os quais
repousa o taoismo em seu espírito profundo; é a eles que retornamos
regularmente para fundar teorias e condutas, mesmo que muitos outros textos,
escritos por um mestre ou “revelados”, enriqueçam e precisem, ao longo dos
séculos, a abordagem e as práticas taoistas. Eles servem de base a esta
exposição, que não pretende tratar de todo o Taoismo, mas simplesmente iluminar
alguns aspectos essenciais.
Citaremos frequentemente, para
ilustrar nossa afirmação, o Livro da Via e da Virtude (Daodejing)[i], atribuído
a Laozi, pois este texto curto contém o essencial da doutrina. Ele é o mais
acessível a todos em numerosas traduções, em praticamente todas as línguas
ocidentais.
Este texto, presumivelmente redigido
durante a segunda metade do terceiro século antes de J.C., foi atribuído ao
legendário Laozi, “o velho mestre”, uma espécie de personagem compósito que
assume algumas características de um arquivista contemporâneo de Confúcio,
enriquecido de detalhes e de lendas com significados filosófico, político e
ideológico. Quem compilou este livro – sem dúvida, um antigo ministro ou um
general – retomou os elementos de textos e reflexões preexistentes; mas ele, no
entanto, fez uma obra pessoal pela potência e beleza ao mesmo tempo do estilo e
do pensamento.
O Zhuangzi, obra bem mais longa e
repleta de anedotas, é composta de 33 capítulos, escritos entre o quarto e o
primeiro século antes de J. C. Ele oferece toda uma comunidade de pensamento
[ideias] junto com o Laozi, apresentando as abordagens e as sensibilidades
variadas.
O Liezi, atribuído ao sábio de mesmo
nome que teria vivido por volta dos 400 antes de J.C., é frequentemente
associado aos dois precedentes em uma espécie de trilogia de textos fundadores.
De fato, ele teve a sua redação muito mais tardia (no quarto século depois de
J.C.), ainda que ele integre os elementos contemporâneos de Laozi e de
Zhuangzi.
Formação do Taoismo
A sensibilidade e o pensamento
taoista são devedores de inúmeras fontes: o antigo fundo xamanista e animista
da China; a religião popular; as técnicas fisiológicas, meio exorcistas e meio
medicais, até mesmo mágica; as especulações cosmológicas que têm ao mesmo tempo
a adivinhação e a observação dos astros e dos fenômenos naturais; a atitude do
ermitão retirado do mundo ou ainda aquela do artesão especialista na sua arte…
Nos séculos que precedem a era cristã, os pensadores bebem nestas diferentes
fontes, mas se caracterizam por uma referência crescente a um absoluto
subjacente a toda via e que funda toda cosmologia.
Quando o caractere “Dao” ou “Tao”[ii] é
utilizado para designar este absoluto inominável, os textos reunidos em torno
desta sensibilidade são ditos de [pertencerem] à escola taoista (dao jia
道家). O caractére “dao 道”
significa via, caminho; é uma maneira de proceder, um método. Cada um caminha,
segue uma via, uma regra de vida pessoal, reflexo da ordem do mundo. Assim, se
progride na existência, cumprindo o seu papel familiar e social da melhor
maneira possível. No taoismo, a Via está além de todos os caminhos pessoais,
mas sustenta e funda todos eles:
“A via que podemos enunciar não é
mais a Via” (Daodejing, 1).
Além de toda percepção sensível ou
conhecimento intelectual, a Via é presença inefável, fonte de todas as
manifestações da vida:
“Profundidade abissal, diríamos uma
presença. Nós ignoramos de onde ela procede, pressentindo que ela precede o
próprio Soberano” (Daodejing, 4).
“A Grande Via… os Dez mil seres[iii] dependem
dela para viver” (Daodejing, 34).
Um pouco mais tarde, no primeiro
século da era cristã, a religião taoista (dao jiao 道教)
aparece com clero e ritos. Entretanto, o taoismo religioso não seria submisso a
uma autoridade central, decidindo o lícito e o ilícito, promulgando um dogma.
Numerosos ramos ou sectos florirão, exprimindo a vitalidade sempre renovada do
Taoismo.
O Taoismo é sempre uma prática
Mesmo se é preciso fazer uma
diferença entre um Taoismo filosófico e um Taoismo religioso, não se pode levar
essa diferença ao limite de uma separação entre um e outro. A prática deve ser
o culminar do pensamento e o pensamento, o fundamento da prática. O Taoismo
religioso se inspira sempre nos grandes textos ditos filosóficos. Estes textos,
por si mesmos, não assumem todo o seu sentido se eles não inspirarem uma
conduta de vida e se eles não conduzirem a isso que os ultrapassa.
Trata-se sempre, por meios variados,
de se integrar à Via, princípio de vida, constante, inalterável, que sustenta a
ordem do mundo em sua regularidade, sua fiabilidade e sua espontaneidade.
“Uma coisa feita de uma mistura está
lá antes do Céu Terra[iv];
silenciosa, ah sim! Ilimitada seguramente! Repousando sobre si, inalterável,
girando sem erro e sem desgaste. Podemos ver a Mãe disto que está sob o Céu.
Nós não conhecemos seu Nome; sua denominação é: a Via” (Daodejing, 25).
O retorno
A busca de cada um é a de voltar.
Voltar, é primeiramente operar uma reviravolta. Revirar os valores
habitualmente reconhecidos pelos homens, pela sociedade:
“Reviravolta, movimento da Via.
Fraqueza, seu uso” (Daodejing, 40).
É voltar ao movimento cósmico da
vida, que volta o frio em calor e o calor em frio ao longo das Quatro estações
do ano; que, igualmente contém todos os opostos, todos os contrários (incluindo
vida e morte) e os deixa se exprimirem em alternância, em harmonia, para
manifestar as incontáveis formas que assume a vida.
É voltar à origem de minha vida,
fonte de toda a vida, tal como ela é em si mesma. Mesmo se essas imagens são
metaforicamente empregadas, não se trata de retornar até o estado de infância
ou embrionário, mas de reencontrar em si – pela ascese, pela meditação, pelas
práticas – a pura realidade, a Via. Esta necessita abnegação e desinteresse,
que vão até a abolição do “eu” ou além da pessoa enquanto ser particular. O
taoismo ao buscar a verdadeira via, da imortalidade, da Via que está além da
vida e da morte, renuncia a todo desejo e volição, as emoções e apegos, a toda
possessão pessoal, seja ela física, intelectual ou mental. É a este preço que
ele se renova e se reencontra integrado ao movimento da vida.
“Chegamos ao extremo do Vazio,
firmemente ancorados na Quietude, enquanto Dez mil seres de um só ímpeto
eclodem, nós contemplamos o Retorno.
Os seres prosperam através dos
impulsos, mas cada um retorna a sua raiz. Voltar a sua raiz, é a Quietude, é
cumprir seu destino. Cumprir seu destino, é o Constante. Alcançar o Constante,
é a iluminação; não o conhecer, é correr loucamente ao desastre.
Alcançar o Constante dá acesso ao
Infinito, pelo Infinito, ao Universal; pelo Universal, ao poder real; pela
Realeza, ao Céu e pelo Céu à Via; a Via pela vida que permanece e o fim de sua
vida não será a destruição” (Daodejing, 16).
O Vazio e o Nada (xu wu 虛無)
Tudo começa pela diminuição dos
prejuízos, desejos, intenções; pela renúncia do saber que crê que sabe, pelos
conhecimentos que impedem frequentemente de agarrar a vida na sua fonte
enquanto multiplica as informações, exatas, certas, mas que nos desviam do
essencial, quando sua busca e sua aquisição substituem o retorno à si e à Via.
“Para o estudo, todos os dias um
pouco mais. Para a Via, todos os dias um pouco menos” (Daodejing, 48).
Uma vez que a Via não é nem
definível, nem pensável. Exercer seu pensamento e sua inteligência para agarrar
a Via, é cometer um contrassenso. Mas tentar erradicar cada determinação ou
qualidade própria, aproxima-se dela eliminando os primeiros obstáculos.
“Vemos, mas sem ver: chamamos
Invisível. Escutamos sem ouvir: chamamos Inaudível. Buscamos tocá-lo: chamamos
Impalpável. Eis três coisas inefáveis, que, confundidas, fazem a Unidade”
(Daodejing, 14).
Esvaziar-se não é ser nada; é
desenvolver a força de vida e se deixar levar para onde ela se cumpre [se
realiza]. O Vazio não é uma falta, é isto que permite a adaptabilidade
[flexibilidade], a agilidade; por ele nós somos enraizados no mais profundo,
pois nos livramos continuamente do superficial e do inútil.
“O homem de caráter escolhe a
substância e não se fia nisto que é superficial. Ele está para a fruta, não se
fia na flor. Ele rejeitaria o exterior e permaneceria em si;” (Daodejing, 38).
O mestre em artes marciais não faria
diferente: tranquilamente, ele espera seu adversário, sem nada antecipar, sem
nada imaginar, mas estando igualmente, pronto a tudo. Sua reação será
instantânea, justa e potente. Nada seria desperdiçado de suas potencialidades
por uma ideia que, mesmo correta, é inútil e até mesmo prejudicial, visto que
ela encobre o espírito.
Assim, podemos nos preencher de uma
sensação autêntica de vida, bem além do pensamento e da consciência clara, uma
experiência da realidade que permite ultrapassar as angústias e os medos da
condição humana.
O não-agir (wu wei 無為)
Não tendo mais nem desejos, nem
vontade própria, o agir do sábio taoista não é dirigido por uma intenção ou um
julgamento; ele é uma simples reação as situações de um ser que encontrou em si
a ordem natural da vida. Isto que ele faz não interfere nunca no curso das
coisas e no movimento natural dos seres. O Não agir é movido por uma
necessidade interior de fazer isso que é preciso, naquele momento e naquele
lugar determinado, pela natureza das coisas. Assim, não há nada que não seja
realizado, uma vez que a Via é a universal espontaneidade presente no coração
de cada um.
“A Via constante é Sem agir e [não
há] nada, entretanto, que não seja feito” (Daodejing, 37).
Toda intervenção no curso das coisas
suscita reações que ninguém pode controlar e que podem alcançar algo totalmente
diferente que a intenção primeira. A oposição, de uma forma ou de outra, ao
movimento natural, é intervenção, é agir pela sua própria decisão ao invés de
se voltar ao desdobramento da Via nos seres e nas situações. Os afazeres e suas
consequências nefastas não deixarão de cobrar seu tributo:
“A intervenção é o fracasso; a
possessão é a perda. Os Santos não intervindo, evitam o fracasso; não
possuindo, evitam a perda” (Daodejing, 64).
A virtude do sábio
A eficácia do sábio não está ligada
a sua ação, mas a sua virtude. Por “virtude” (de 德),
antes de [compreendê-la] por qualidades morais, compreendemos por eficácia
potente que se obtém pelo agir natural. Um homem possuído pela Virtude segue,
perfeitamente e espontaneamente, os movimentos da vida; ele está preenchido
pela potência que pertence à vida quando nenhum desejo ou vontade a contrariam
ou a desviam. Assim, emana dele como uma força que toca os outros, sem que eles
mesmos tenham uma verdadeira consciência disso; esta força os toca lá onde eles
mesmos estão em contato com a realidade que os faz viver; ela pode, portanto,
devolver a eles mesmos ainda mais autenticidade.
“Os Santos se dedicam a socorrer os
humanos sem rejeitar ninguém, se dedicam a socorrer os seres sem rejeitar
nenhum. É isto que chamamos de: difundir em seu entorno a Luz. O homem bom é o
mestre do mau, o mau serve de matéria ao homem bom” (Daodejing, 27).
O sábio não utiliza esta força, pois
manipulá-la seria destruí-la; ele a deixa emanar de si, ao cultivar sua
participação ativa e mística na vida do mundo, mas tomando bastante cuidado de
mantê-la escondida e ignorada. É melhor que ninguém perceba a ação secreta do
sábio, pois a consciência corre o risco não somente de prejudicar o sábio
“descoberto”, mas também de perverter o processo mesmo pelo qual os seres são
tomados por sua influência benéfica.
É assim que o governo do Estado é
[compreendido como] um efeito do trabalho sobre si e que o ensinamento sem fala
por si só transmite o essencial.
O modelo da água
O sábio se compara à água: como a
chuva que cai sobre os campos, ele deixa sua influência se difundir sobre os
bons e os maus, simples efeito disto que ele é.
“Um homem de alto cargo[v], fazendo o
Bem, agirá como a água” (Daodejing, 8).
Assim como a água, o sábio se deixa
levar com todas as aparências da fraqueza, mas sem se deixar desviar. A água do
rio, seguindo sua única natureza que é a de ir para baixo, chega sempre no mar,
é indiferente a todas as voltas e desvios que as circunstâncias a impõe. O
sábio também segue sua natureza e a natureza das coisas, indiferente àquilo que
as circunstâncias o comanda; ele não resiste, não se opõe a nada, não briga com
ninguém, não para evitar o combate, mas sim porque ele é movido pelo seu reencontro
com a Via. A Via, união dos contrários, coexistência harmoniosa dos incontáveis
viventes, é a infinita adaptabilidade do sábio que se mantém a ela e por ela. O
sábio possui então a vida que não se esgota.
“[Não há] nada no mundo como a água,
a mais flexível, a mais fraca. Para atacar o sólido e o forte, quem será como a
água? O não ter nela, a faz cambiante” (Daodejing, 78).
Mística e transcendência
O sábio taoista é um místico no
sentido de que ele busca a fusão com a Via, a integração total com o princípio
cósmico de vida. Não há relação com este princípio de vida, uma vez que ele não
é outra coisa senão isto que existe, ele não é exterior a si ou ao mundo.
Tampouco buscamos ter consciência deste princípio, pois ter consciência seria
ser dois com ele, ser distinto dele, separado. Não podemos senão tentar se
fundir nele, ser um com ele, pois a unidade é a realidade mais profunda de cada
um, a única permanente. Nossa existência atual não é senão uma fase, que nos
faz viver a distinção e a dualidade; mas esta existência se exprime pela e na
sua dualidade, não devendo perder sua raiz sob a pena de se perder para sempre.
A união à Via se faz, portanto, numa abolição de si, que não é, entretanto,
percebida como um desaparecimento.
“Se contentar com pouco é a riqueza.
Agir com toda a potência é se consumir. Conservar os meios é durar. Morrer sem
perecer é a Longevidade” (Daodejing, 33)
O sábio taoista, na montanha, contempla as nuvens e medita sobre o
efêmero que elas evocam. Além das nuvens há o céu; e além do azul do céu não
haveria o azul-celeste infinito?
Apenas permanece isto que está
além do efêmero e do qual cada ser faz parte antes mesmo de começar a existir.
Esta fusão indizível, se ela não é uma ilusão, deve ser ativa, perceptível,
no mundo presente, através de nossa existência tomada nas suas múltiplas
tensões. Experimentamos variados níveis na vida cotidiana. Assim o artista, por
exemplo, um pianista, não se representa no momento em que ele toca, há uma
integração total de todos os elementos de seu ser para produzir a música; ele
não sabe nem mesmo como isso acontece; e quando ele está dentro, ele não pode
mais se separar, [nem mesmo] pensar, tanto menos explicar isso. Mas ele não
pode verdadeiramente tocar, bem tocar, se ele não estiver neste estado. “De
volta à terra”, no fim do recital, ele pode falar, sabendo que ele não poderia
nunca exprimir através de palavras isto que ele viveu quando ele não podia nem
mesmo pensar. Ele se exprimirá, no entanto, pois ele pertence ao mundo da
dualidade, da multiplicidade, com a sua pessoa, seu corpo, suas qualidades,
suas relações aos outros seres… Mas o estado experimentado quando ele toca não
apareceria a ele como ainda mais real?
Os artistas, ou cada um de nós,
concentrados sobre isto que nós sabemos fazer, vivemos a mesma experiência, que
dá acesso à realidade do Um. Não se trata de ser alhures, de ser outro, mas de
passar para além das determinações e especificidades que mantém a
multiplicidade na dualidade, para ser senão Um com a Via do Céu, em um abandono
total, o qual compreende a sua própria atividade mental. A morte, então, não é
senão o retorno a este estado que eu já experimento como mais constante, mais
real que os outros aspectos da minha vida, Finalmente, devemos ir até [o ponto
de] afirmar que vida e morte não são senão um, pois se elas fossem
verdadeiramente diferentes, a Unidade sobre a qual nos apoiamos não passaria de
um engano/ilusão.
“Assim, o sempre sem atrativos
convida a contemplar o mistério, e o sempre repleto de atrativos a considerar
seus aspectos manifestos. Estes dois, nascidos juntos sob nomes diferentes,
estão de fato juntos na Origem. E de origens em Origem, a porta do mistério
maravilhoso” (Daodejing, 1).
Podemos falar de transcendência? Sem
dúvida não no sentido dado pelo Cristianismo; como tampouco podemos falar de
imanência. A Via do sábio taoista o leva à raiz da existência, lá onde não há
nada determinado ou determinável, expresso ou exprimível, pensado ou pensável,
mas sobre o que repousa a totalidade dos seres que possuem cada um suas
determinações, suas expressões e capacidades específicas.
“Os Dez mil seres do mundo são o
produto disto que tem, mas isto que tem é produzido disto que não tem”
(Daodejing, 40).
[ii] Conforme as transliterações
utilizadas. A pronúncia e o caractere são os mesmos; o que varia apenas é a
maneira de fazer essa pronúncia em letras romanas.
[iv] O Universo.
[v] Nota do tradutor: A
expressão utilizada neste trecho foi “Um homme haut placé”, a qual traz a ideia
de alguém que pertence a um cargo elevado, que ocupa um lugar soberano,
superior, altamente situado na sociedade.